terça-feira, 11 de outubro de 2011


Não existia mais probabilidade nenhuma. Nem tentativas, nem mesmo a vontade. Eu estava ‘por aqui’ de virar a cara pra verdade e fingir que nada havia acontecido. Retomar toda minha essência, tinha passado da hora, dos minutos, dos segundos, dos milésimos. Eu tinha cansado de apenas avisar, e avisar, e de novo avisar, e de ser fraca o bastante pra por em prática todo meu trama. Eu estava ‘por aqui’ de você ficar me desatando, me deixando totalmente entregue a você, sem nenhum escudo. Que pena que nem a sua pior caretinha, a mais cheia de sacanagem de todas, agora iria resolver. Que pena que nem aquele seu ‘Eu te amo’ soado como ‘Bom dia’ serviria. O tão falado dia que eu avisei todos os outros, chegou.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

E eu gostava de ficar testando, mudando, ajeitando, modificando. Os meus dias, os meus gostos, sempre um sabor diferente era de possível prova. E logo menos, no depois de ser tão apaixonada pelo diferente, pelo oposto, pela mudança..tinha também o medo e o nariz surrado pelo chão.. E depois disso também vinha aquilo de ser tudo igual ao gosto anterior, de toda aquela suposição vir à tona, da mesma dor, do mesmo machucado, do mesmo local do ferimento. E no final, eu só havia descoberto mais uma fórmula do mesmo gosto de sempre. O de me frustrar. 
Havia tantas outras maneiras de te trazer de volta. Tantos outros meios menos doloridos, tantos outros contos sem ser esse. Havia também tantas outras pessoas pra te inventar, te imaginar, te fazer presente. E eu teimava em fazer do modo mais difícil e sangrento pra mim, torturava sem desculpa alguma. E mesmo assim, eu te trazia. É, te trazia. Tinha as fotos, as músicas, as palavras não ditas, os tais momentos, e todo aquele possível blábláblá, todos ali junto a mim. Eu gostava de tamanha tortura mesmo. Não achava outro meio de distração, eu te apagava melhor assim, eu te enterrava sem mesmo ter te velado, eu conseguia te afastar mesmo te eternizando em mim. 

quarta-feira, 5 de outubro de 2011


Era tarde e eu não tinha muito tempo pra pensar, pra repensar, pra decisões. Era eu, somente eu, diante de toda uma necessária mudança repentina e definitiva, não tinha mais você, nem eles, nem o amor, e nem a dor, era somente eu e toda aquela indecisão, todo aquele talvez, receio. Estava fora de cogitação qualquer ajuda, qualquer meio de conseguir um conselho, qualquer telefonema pra aquela velha e boa amiga de sempre, eu tinha que aprender a me virar sozinha, eu não deveria mais esperar que fossem me cobrir e entrelaçar meus braços sobre a boneca, finalizando com um beijinho na testa de boa noite, era hora de inovar, renovar, recomeçar. Tudo seria novo e aquilo me assustava, não tinha exatamente pra onde recorrer, e eu nem poderia, era assim que seria melhor, assim que seria do jeito certo. Pois já que era pra radicalizar, que pelo menos dessa vez eu consiga fazer as coisas certas, as escolhas certas, com os pensamentos positivos, e certos. Tudo certo. Cabeça e coração ereto, tudo vai findar em ‘valeu a pena’ e sorrisos. Mostrar pra tanta gente o que eu quero mostrar apenas pra mim mesma, cara a tapa, é minha vez. Nenhum sentimento irá interferir, eu vou viver, eu havia cansado de apenas existir. 

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Tem horas que eu paro, penso, e fico tentando refletir... desde quando pequena, me machucava, me curava, e esquecia... E mesmo depois de crescida, continuavam dizendo que, mesmo que talvez com uma demora maior, isso aconteceria também. Só que não disseram que seria sempre. Era divertido e totalmente cheio de aventura sair correndo no meio de uma brincadeira sem olhar pro chão, e logo menos – PLOFT – E eu me esborrachava toda, mas valia todo o risco, sempre valia. E como eu já disse a princípio, um assoprinho da mamãe, ou um curativo com o carinho da titia...e lá estava eu pronta pra outro tombo e sem receio nenhum. E sabe que até hoje isso de eu nem me curar completamente de um ‘machucado’ e – NÃO – estar pronta pra outra e mesmo assim não ter medo e correr todo o risco, ainda acontece? Só que agora não são meus joelhos, ombros, mãos, dedões dos pés, nem cotovelos. É aquilo que acelera ao ver aquela tal pessoa, que chora quando lembra de tudo que foi bom, que passou e que não terá mais retorno, que aperta, suporta, se quebra em pedacinhos, mas que continua ali, batendo. Coração. Coisa danada pra sarar viu. E ultimamente nem tem valido o risco, aliás, risco nenhum. É por cada pessoa mesquinha e hipócrita que o sacana tem se esborrachado no chão, que olha viu! Mas é com essa mesma filosofia de vida que eu tenho vivido, desde lá do início até nos dias de hoje... Tem certas coisas que não mudam, mas que doem mais que uma raspadinha no joelho. E que nem um merthiolate resolve ou faz esquecer. 

quinta-feira, 22 de setembro de 2011


Acha mesmo que isso é suficiente pra me derrubar? Eu que já suportei, superei, cai no chão e mesmo toda esfolada, levantei, em seguida me vi quase sem forças e mesmo assim as tirei de toda minha fraqueza, bati de frente, meu santo sempre foi forte, não é agora que você vai conseguir.
Bate, pode bater mais e mais e mais e mais. O que trago aqui dentro é superior e forte a todas essas suas armadilhas e golpes baixos, e tem aquilo de que a gente não apanha o quanto não podemos suportar, não é? E seja talvez com esse lema pra minha vida, que eu tenho suportado e aturado tanta coisa, tanta gente hipócrita e de alma suja. Achas mesmo que depois de me ver viver toda essa história que eu trago até hoje, és capaz de me tacar no chão com a esperança de que eu permaneça lá? O que eu tenho aqui dentro do meu peito esquerdo é uma história tão linda, uma vida tão bem vivida e cheia de vontade, cheia de amor, de pensamentos bons e uma energia tão positiva... não vou deixar você acabar com isso tudo assim, dessa maneira e agora. Eu vou passar por cima de tudo isso, mesmo sem ser necessário eu vou te provar quem é que na verdade teve coragem no resultar dessa conta, e quem nunca deveria ter entrado nesse jogo. 

quarta-feira, 21 de setembro de 2011


''Oi saudade. – Disse eu talvez esperando respostas, vai saber se existe mesmo essas coisas aí para comunicarmos com pessoas de ‘outros mundos’... Mas se você conseguir ler, presta bem atenção... Está difícil pai! Faz tantos anos e as coisas nunca se ajeitam, entende? Eu ainda me perco volta e meia sem você, tem horas que o teto, depois o chão, todos eles desabam  e parece também que estou num labirinto daqueles bem tenebrosos... está prestando atenção? Você nunca prestava atenção no que eu falava, tenta agora, eu cresci, olha! Sei lá se a falta é mesmo de você ou é falta de ter quem chamar de pai, é tão bonitinho quando vejo alguma cena de filha-e-pai e imagino a gente, imagino... Ninguém consegue enxergar mesmo a falta que eu sinto, a dor que me consome e me dilacera aqui por dentro, não sei se é também o fato de muita coisa não ter sido dita, das coisas terem mudado muito depressa, se não é o fato de você ter ido muito depressa, eu não sei explicar ou expressar o que eu sinto em relação a essa perda. Pô pai! Ficasse pelo menos mais um tempo, eu ia adorar ficar brava com você sentindo ciúmes de mim, dos garotos, das minhas roupas, eu ia adorar ficar em casa chorando numa sexta-feira por ter sido proibida por você de ir naquela balada com as minhas amigas, é sério! Elas vão até brigar comigo por falar isso, mas é que elas tem um pai, pai! E só quem perdeu, como eu perdi o senhor, sabe do que eu to falando. Não que eu tenha te dado valor depois que te perdi, não é isso... mas a gente precisava acertar muita coisa e eu era menina demais, eu juro que você sentiria orgulho de mim se conhecesse quem eu me tornei depois que tirei as vestes de menininha pai, se não se orgulhasse eu faria o mesmo acontecer! É estranho quando tenho esses tipos de recaídas em relação a você e me desmancho a chorar, mais estranho ainda é minhas amigas tentando me consolar, mas não é um garoto que eu esquecerei daqui um ou dois meses, pai.. é você. E isso nem a mamãe trará de volta, sabe, é uma dor forte mesmo, eu finjo que aceito mas é horrível o fato de não te ter aqui, tem tanta coisa além dessa bobeiraiagem toda que eu escrevi, que eu queria te dizer, te mostrar, e queria um abraço e um colo depois também. Agora eu preciso ir pai, minhas preocupações não se resultam mais em apenas ‘saber aonde deixei a boneca jogada dessa vez’, eu te amo, espero que tenha lido tudo com atenção e que esteja se cuidando por ai. Beijo de sua menina. ''